Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Tentativa de golpe: a história no banco dos réus

Tentativa de golpe: a história no banco dos réus

E se olhássemos para o processo judicial da tentativa de golpe pensando na famosa frase de Karl Marx, retirada de O 18 de Brumário de Luís Bonaparte: “A história se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa”?

A história do Brasil, desde 1500, é marcada por golpes. Afinal, alguns brancos chegando à costa brasileira e, apenas pelo contato, matando por doenças mais de 90% da população originária já é um golpe trágico. Mas não quero ir tão longe para traçar um paralelo com o que temos acompanhado em Brasília desde 2022, consolidando-se nas últimas semanas.

O último golpe antes de 8 de janeiro de 2023 foi o golpe judicial dado em Dilma. Curiosamente, a mulher que lutou contra outro golpe, o de 1964, foi vítima de um golpe como presidenta – já reconhecido como tal por Barroso e outros ministros do STF.

Entre tragédia e farsa, voltemos a 1964, quando estiveram entre os principais motivos para o golpe a alegada ameaça comunista, a instabilidade política e econômica, o temor das reformas de base propostas pelo presidente João Goulart (como o aumento do salário mínimo) e o desejo de “restaurar a disciplina” nas Forças Armadas. O reajuste do salário mínimo proposto por Goulart, considerado exagerado por militares e empresários, foi um dos catalisadores, junto com a expansão dos sindicatos, a crescente organização da sociedade civil, a polarização da Guerra Fria, o combate à corrupção e a defesa da ordem liberal capitalista. A influência dos Estados Unidos e a articulação de setores civis, empresariais e da grande imprensa também foram fatores cruciais na derrubada do presidente.

É óbvio que a imposição dos militares motivou uma reação dos cidadãos conscientes, desejosos de um país para todos, no qual os trabalhadores tivessem direito à dignidade – garantida apenas pelo acesso à riqueza por eles produzida. Esses cidadãos foram reprimidos pelos ditadores com perseguição, sequestro, tortura e morte. Quando chegou o fim da ditadura, os algozes aprovaram uma anistia para quem matou, culpando quem morreu. Eis a tragédia da anistia!

Em 2018, consolida-se uma nova farsa, com militares voltando ao poder numa espécie de democracia militarizada. O presidente eleito – um militar quase expulso do Exército, porém absolvido por recurso acolhido por ministros do STM (Superior Tribunal Militar), por 8 votos a 4 – inchou o governo com militares ocupando cargos estratégicos. O período teve mais militares no governo do que muitos dos ditadores do golpe de 64. Se, no final do regime ditatorial, os militares conseguiram – graças à censura, que impediu a maioria do povo de saber dos bastidores da política – sair com um pouco de apreço por parte da população, o mesmo não aconteceu com a democracia militarizada. O povo pôde perceber os tropeços dos militares, principalmente na condução da pandemia, em que, com um general à frente do Ministério da Saúde, o país encabeçou o ranking das nações com maior número de vítimas da COVID-19. Eis a tragédia!

A farsa da democracia militarizada não termina com a posse do novo governo. Apoiadores do antigo regime chegam ao extremo de depredar o patrimônio público. Milhares são presos; a Polícia Federal investiga e descobre planos atabalhoados, que são denunciados pelo procurador-geral da República. As lideranças da farsa, culpadas pela tragédia, vão para o banco dos réus. O processo começa e, no Congresso, tenta-se repetir a história da anistia – que, se no passado foi uma tragédia, agora se repete como farsa.

Se quisermos mudar o rumo de nossa história para que as tragédias do passado não se repitam como farsa no presente – e muito menos no futuro –, lutemos agora e ecoemos em uníssono: ANISTIA NUNCA MAIS!


Os comentários não representam a opinião do Partido dos Trabalhadores de Muriaé; a responsabilidade é do autor do artigo.


Opinião Wesley
Opinião Wesley

Comente o que achou:

Compartilhe:

Veja Mais

Posts Relacionados:

Globo com Três Graças: Quando a Ficção Vira um Perigoso Placebo Social

Globo com Três Graças: Quando a Ficção Vira um Perigoso Placebo Social

Imagine uma idosa, dependente dos remédios fornecidos pelo governo para sua saúde, que repentinamente decide interromper o tratamento. O motivo, porém, não é um efeito colateral ou uma melhora clínica, mas uma desconfiança plantada pela ficção. Ela assiste à novela Três Graças e passa a acreditar que, assim como na

Dignidade Menstrual: Autorização Presencial nas UBS

Dignidade Menstrual: Autorização Presencial nas UBS

O Ministério da Saúde anunciou uma importante novidade para as beneficiárias do Programa Dignidade Menstrual: a partir de agora, as autorizações para retirada de absorventes poderão ser emitidas diretamente nas mais de 44 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas pelo Brasil. Antes, esse processo só poderia ser feito por

Bolsa Família em Muriaé: 5.880 famílias beneficiadas

Bolsa Família em Muriaé: 5.880 famílias beneficiadas

Em Muriaé, 5.880 famílias recebem atualmente do Bolsa Família para garantir o mínimo de dignidade, segurança alimentar e oportunidade diante das desigualdades. (Dados de 2025) Deste total, 87,83% são chefiadas por mulheres, um dado que revela o protagonismo feminino na luta diária pela sobrevivência e pela construção de um futuro

R$ 13,22 milhões para valorizar a enfermagem de Muriaé

R$ 13,22 milhões para valorizar a enfermagem de Muriaé

Em 2025, o Governo Federal deu um importante passo para a valorização dos profissionais de enfermagem de Muriaé ao transferir R$ 13,22 milhões para a complementação do piso salarial da categoria. Essa ação visa assegurar que os profissionais de enfermagem, que desempenham um papel essencial no cuidado da saúde de

Tentativa de golpe: a história no banco dos réus

Tentativa de golpe: a história no banco dos réus

E se olhássemos para o processo judicial da tentativa de golpe pensando na famosa frase de Karl Marx, retirada de O 18 de Brumário de Luís Bonaparte: “A história se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa”? A história do Brasil, desde 1500, é marcada por golpes. Afinal, alguns