O governo Zema está pressionando escolas de Minas Gerais a aderirem ao modelo cívico-militar, com um prazo curto até 18 de julho para que diretores se manifestem. A estratégia é conhecida: impor uma mudança radical sem debate democrático, aproveitando-se do senso comum de que “disciplina militar resolve tudo”. Mas a realidade em outros estados mostra que esse modelo não melhora a educação – só serve para doutrinar, controlar e excluir.
O Fracasso em Outros Estados
No Paraná, onde o programa foi amplamente implantado, estudantes denunciam humilhações, proibições absurdas (como cabelo crespo solto ou bonés, mesmo em cidades onde o acessório é símbolo cultural) e um ambiente escolar opressivo. Alunos são tratados como soldados, não como cidadãos em formação. O resultado? Nenhum avanço no aprendizado: escolas militarizadas têm desempenho igual ou pior que as democráticas no IDEB.
No Distrito Federal, onde o modelo existe há mais tempo, casos de violência contra estudantes se tornaram frequentes. Em 2023, um vídeo chocou o país ao mostrar um policial militar agredindo um aluno dentro de uma escola. A justificativa? “Manter a ordem”. Em vez de educar, o Estado ensina que a resposta para conflitos é a força bruta.
No Espírito Santo, pais e estudantes protestaram contra a militarização após casos de discriminação racial. Jovens negros foram obrigados a cortar o cabelo, enquanto meninas tiveram seus corpos e roupas policiados. A escola, que deveria ser espaço de acolhimento, virou um tribunal de opressão.
Por que Ainda Aprovam? O Senso Comum e a Ideologia da Obediência
Apesar dos fracassos, parte da população ainda apoia esse modelo. Por quê? Porque a ideologia de direita vende a militarização como “solução mágica” para a violência e a “falta de disciplina” – discurso que ecoa um velho conservadorismo brasileiro, que acredita que pobre e jovem devem ser controlados, não emancipados.
A aceitação se baseia em três mitos:
“Ordem e disciplina melhoram o ensino” – Mentira. O que melhora a educação são investimentos em professores, infraestrutura e projetos pedagógicos, não fardas e gritos de “presente!”
“Os pais apoiam” – Muitos são enganados com promessas de “mais segurança”, mas não são informados sobre as violações de direitos. Quando descobrem, já é tarde.
“Quem é contra não quer educação de qualidade” – Na verdade, quem é contra sabe que educação de verdade se faz com diálogo, não com autoritarismo.
Minas Não Pode Cair Nessa Armadilha
Em Muriaé, as escolas Orlando Flores, Gonçalves Couto e Olavo Tostes estão na mira. Se a comunidade não reagir, os estudantes perderão direitos básicos:
Expressar sua identidade (cabelo, roupas, cultura);
Ter uma gestão democrática (diretores indicados por militares, não eleitos);
Acesso ao ensino noturno e EJA (modalidades que costumam ser extintas nesse modelo).
A militarização não é sobre educação – é sobre controle. E enquanto o governo gasta milhões com militares aposentados, faltam livros, laboratórios e professores valorizados.
É hora de dizer NÃO. Escola não é quartel, aluno não é recruta, e educação não se faz com repressão.
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